domingo, 31 de maio de 2009

As perguntas erradas

Hoje prestei o tal concurso para assistente administrativo da UFF

Correndo o risco de parecer presunçosa e, pior, me iludir, digo: achei essa prova bem babaca.
Explico: não é que eu ache que mandei benzão e tal, mas, assim como tenho muitas criticas ao vestibular, tive também com relação a essa prova.

A pergunta que não me sai da cabeça é que tipo de pessoa eles (o nosso Governo Federal) esta procurando para trabalhar. A mim parece uma busca por macacos treinados, que sejam capazes de apertar os botões certos, e pensar pouco.

Somente isso justifica perguntas do tipo "o Outlook funciona no modo offline?” “o que você faz se receber um e-mail com link de fonte desconhecida ou duvidosa?”, e etc.
Nada da medonha estatística e matemática, alias, não havia uma continha sequer. E, apesar de odiar tudo isso, acredito que saber somar dois mais dois tenha sua importância em um cargo administrativo.

Conhecimentos gerais (2/3 da prova) foi uma mistura de ideologia da administração e do serviço publico com questões para descobrir se as pessoas sabem ligar um computador e mexer em programinhas de escritório. As respostas eram vazias, estilo “democracia”, “ética”, nas quais se marca um quadradinho sem pensar duas vezes sobre o que realmente querem dizer esses conceitos, como qualquer macaco treinado que possa intuir que democracia parece uma resposta melhor do que tirania, e ética melhor do que corrupção.

O que deve ter pegado mais para a maioria dos participantes foi a parte de português: interpretação de texto e muita gramática. (Alias, um texto sobre a importância das mulheres na política, senti um gostinho forte de propaganda petista em cima da Dilma).

Da parte de interpretação não tenho o que reclamar, acho essencial. Mas agora gramática, enfim, sei que muitos discordam de mim, mas acho totalmente de menor relevância se o individuo sabe se tal palavra é com Ç ou SS, ou mesmo se a frase esta na voz ativa ou na voz passiva. Oras, se é para descobrir se as pessoas sabem realmente escrever duas linhas que seja de modo coerente (e parece que é, afinal um terço da prova foi disso) mande-as fazer um raio de redação! "Ah, mais isso deve aumentar demais o custo do concurso, melhor ficarmos com essas questões rasas."

Devo ainda falar da grande ironia-incongruência-hipocrisia que é uma Nação usar como critério para escolher seus funcionários conhecimentos que é responsável por ensinar na escola, e não ensinou.


Nada disso quer dizer que eu tenha ido bem, eu realmente não sei se devo chamar um Senador de Excelência, ou Eminência ou whatever, ou mesmo o nome que se dá a tal processo administrativo, etc. Muitas coisas ali eu não fazia a menor idéia, e acredito realmente que se quisermos um serviço publico um tantinho melhor, ninguém deveria saber.


Para não dizer que só eu que estou de mimimimi, o comentário de uns profs pra Folha Dirigida:
Professores: Eduardo Gnisci e Claudio Maciel
A prova aplicada teve um pequeno grau de dificuldade, com questões elaboradas a partir de fragmentos de textos da bibliografia apresentada, o que não estimula a capacidade de
raciocínio lógico e sistemático do candidato, explorando somente sua capacidade mecânica de "decorar" informações.

.Publicada no FDO (31/05/09)

(O gabarito extra oficial saiu, mas eu sai antes da hora de poder pegar a prova para conferir! :/ )

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